Manter um carro em boas condições de uso pode não ser barato, mas fazer adaptações não recomendadas pelo fabricante ou por mecânicos idôneos gera danos que colocam em risco a segurança dos ocupantes do veículo e de terceiros.
Fazer aquela gambiarra para economizar algum dinheiro pode agravar o defeito que o carro já vem apresentando, exigindo o reparo de outros componentes e, consequentemente, elevando o custo da manutenção.
Por isso, é importante seguir o programa de revisões e os procedimentos recomendados pelas montadoras, além de utilizar peças de marcas certificadas pelo Inmetro e reconhecidas no mercado.
Confira na lista abaixo seis gambiarras que podem estragar o seu carro e comprometer a sua segurança:
1 – “Passe” ou retífica de discos de freios
O disco de freio é uma peça feita de ferro fundido ou compostos cerâmicos (no caso de modelos luxo e esportivos). Esse componente é essencial na frenagem do veículo, pois fica conectado às rodas para gerar atrito com as pastilhas assim que o pedal é acionado. Essa ação faz com que o carro perca velocidade até parar com segurança.
A vida útil do disco é de 60 mil quilômetros, em média. Após essa quilometragem, recomenda-se substituir o componente por um novo, mas muitos motoristas preferem “recauchutá-lo”.
O disco sofre um processo de usinagem, que retira material de ambos os lados até corrigir as superfícies já desgastadas pelo uso no veículo. No entanto, esse procedimento pode não atingir as condições ideais, provocando pequenas rachaduras que podem levar à quebra do disco durante uma frenagem.
2 – Frisagem ou “riscagem” dos pneus
Os pneus estão entre os itens de segurança mais importantes, uma vez que eles são o único contato do veículo com o piso. Quando chega a hora de trocá-los, muitos motoristas escolhem uma alternativa bem mais barata, mas também muito mais perigosa: a frisagem ou riscagem dos pneus.
Alguns borracheiros oferecem o serviço, que chega a custar apenas 10% de um pneu novo, sem se importarem com a segurança do cliente e de terceiros. A riscagem nada mais é que aprofundar os sulcos da banda de rodagem de um pneu velho, que já passou da hora de ser substituído.
O borracheiro utiliza um instrumento de ferro aquecido para fazer novos sulcos, mas esse processo reduz ainda mais a espessura da borracha do pneu desgastado. Dessa forma, a estrutura metálica do componente fica ainda mais exposta às cargas do veículo e, consequentemente, mais fraca.
Sendo assim, um pequeno impacto contra uma pedra ou buraco pode estourar o pneu riscado e provocar a perda de controle do veículo. Além disso, os pneus riscados aumentam o risco de aquaplanagem em pista molhada, uma vez que os sulcos feitos precariamente em borracharias não têm a capacidade de escoar a água adequadamente.
3 – Levantar a suspensão (lift)
Elevar a altura da suspensão do veículo pode ser uma alternativa para melhorar a sua capacidade de transpor obstáculos, principalmente em situações off-road. Mas é importante ficar atento a alguns detalhes, pois esse procedimento é indicado apenas para jipes e picapes usados em trilhas com condições extremas.
Antes de tudo, é preciso avaliar se existe a real necessidade de levantar a suspensão, pois é preciso considerar que essa mudança vai alterar as demais características do veículo. Tenha em mente que o seu SUV não vai adquirir a capacidade um jipe apenas com o aumento da altura de rodagem ou a instalação de pneus maiores.
Essa modificação vai comprometer a estabilidade em curvas e as frenagens. O consumo de combustível também será prejudicado, uma vez que a aerodinâmica será afetada e o motor será mais exigido.
Vale lembrar que rodar com pneus maiores pode sobrecarregar componentes do sistema de direção. No caso de modelos mais modernos, a eletrônica responsável por comandar o ABS dos freios, os controles de estabilidade e tração, a transmissão e os airbags pode ser afetada com a mudança de parâmetros de rodagem.
4 – Parafusos ou fio no lugar dos fusíveis
O fusível é um componente importante para proteger o sistema elétrico do carro em caso de pane ou sobrecarga. Quando isso ocorre, o filamento metálico se rompe dentro do fusível para impedir a queima de módulos e equipamentos eletrônicos.
Por incrível que pareça, alguns motoristas preferem apelar para a famosa gambiarra ao invés de substituir o fusível queimado por um novo - que chega a custar alguns centavos, dependendo do modelo.
Em alguns casos, coloca-se um pedaço de fio ou até mesmo um parafuso no lugar do fusível. O “recurso” pode até funcionar por um tempo, mas ameaça superaquecer a fiação do carro em caso de sobrecarga elétrica, a ponto de provocar um incêndio.
5 – Água da torneira no radiador
A grande maioria dos carros é equipada com motores arrefecidos por um aditivo que tem a função de percorrer galerias internas para manter a temperatura ideal de funcionamento. E esse líquido precisa ser trocado periodicamente (geralmente a cada dois anos ou 30 mil quilômetros) para garantir a eficiência do sistema.
Muitos motoristas não sabem (ou ignoram o risco) que, ao trocar o aditivo por água de torneira, podem provocar danos ao motor. Isso acontece pelo fato de a água que consumimos conter minerais que podem calcificar ao redor de componentes, prejudicando a refrigeração do motor.
Na água da torneira também há cloro, usado para matar micro-organismos. Só que essa substância tem ação corrosiva nas peças metálicas. O ideal é sempre utilizar o aditivo do radiador indicado pelo fabricante do veículo. E, de preferência, realizar esse serviço em uma oficina, uma vez que esse processo é trabalhoso e exige mão de obra especializada.
6 - Consertar rodas a marteladas
Rodar de carro pelo Brasil é estar sujeito a surpresas desagradáveis, como danificar o veículo ao passar por um dos muitos buracos das ruas e estradas. Amassar as rodas é um desses problemas, gerando transtornos e prejuízos ao motorista.
Quando isso acontece, é comum os motoristas levarem as rodas amassadas a uma borracharia ou oficina para repará-las, mas o método utilizado acaba condenando ainda mais a estrutura da peça.
Os mecânicos aquecem o local amassado e corrigem a imperfeição com marteladas. Em alguns casos são adicionados reforços metálicos. Por fim, a roda é lixada, pintada e polida para ficar com a aparência original.
Por mais caprichado que seja o serviço, esse processo não corrige as propriedades estruturais da roda. Ela pode até ficar esteticamente perfeita, porém, incapaz de resistir às cargas as quais suportava antes de ser danificada.
Por isso, é indicado substituir uma roda que sofreu grandes danos. O motorista pode não perceber nenhuma alteração ao rodar na cidade, mas na estrada a roda reparada pode quebrar a velocidades mais altas e, consequentemente, provocar grave acidente.
Fonte: MobiAuto, escrita por jornalista convidado